Esporte
Campeão invicto e goleada: Série D é do Voltaço
01/10/2016 23:41:32O dia 1o de outubro de 2016 está definitivamente gravado na história de Volta Redonda. No ano em que completou 40 anos, o time que leva o nome da cidade conquistou o seu primeiro título nacional. A festa foi dentro de casa, no Estádio da Cidadania Raulino de Oliveira, onde, ao derrotar o CSA por 4 a 0, o Voltaço ficou com o titulo de campeão da Série D do Brasileiro. Numa campanha impecável, a equipe conquistou o campeonato sem sofrer uma derrota sequer. Na partida desta noite, de chuva fina e frio na cidade do aço, o time dirigido por Felipe Surian e quase oito mil pessoas fizeram ferver o Raulino, em companhia de um ex-jogador ilustre do clube: Túlio Maravilha, que comandou o time no título da Taça Guanabara em 2005, quando o Volta Redonda foi vice estadual, veio à cidade prestigiar a decisão. Ele é pé quente.
Ninguém, nem o mais otimista torcedor, seria capaz de imaginar um placar tão dilatado depois do 0 a 0 do primeiro jogo, em Maceió. Mas o Voltaço, mantendo o estilo que o caracterizou ao longo desta competição, soube dar os botes nos momentos certeiros. Ao final, a torcida conseguiu entrar no campo para celebrar com os jogadores, a comissão técnica e a diretoria liderada pelo presidente Flávio Horta o momento de glória.
O JOGO – Com o gramado molhado pela garoa intermitente da tarde, Volta Redonda e CSA iniciaram a partida se respeitando mutuamente. Afinal, o empate em 0 a 0 levaria a partida para a decisão por pênaltis. Do lado do Tricolor de Aço, a preocupação era não levar gol, pois empate sob qualquer outro placar daria o título aos alagoanos.
Desta forma, o início da partida foi marcado por disputa intensa pela posse de bola, o que deixou os jogadores tensos. Logo aos 5 minutos, Dija Baiano e Denilson se estranharam e foram advertidos com o cartão amarelo. A partir dos 10, foi a vez do torcedor do Voltaço ficar apreensivo, porque o CSA estava melhor postado em campo e começava a ameaçar. Aos 11, David fez falta em Marcos Antônio. Na cobrança, a bola foi lançada na área, a zaga vacilou e, por pouco, Leandro Cardoso não abriu o placar para o CSA.
O Volta Redonda parecia nervoso com a marcação que o adversário fazia. Aos 17, teve sua primeira oportunidade. Numa falta da intermediária, Marcelo soltou um foguete, mas a bola passou sobre o travessão. Dois minutos depois, Marcos Antônio também chutou forte e a bola passou triscando a trave direita de Mota.
Foi a partir dai que o Voltaço começou a acordar. Numa falha da zaga adversária, o time quase marcou, mas Pantera fez a defesa. Mas, aos 25, começou a festa. Marcelo – brilhante no jogo – fez um belíssimo lançamento para Dija Baiano. O atrevido atacante ganhou do zagueiro Denilson e, com um toque de muita habilidade, desviou do goleiro e fez 1 a 0.
O CSA sentiu o golpe. Mal havia se recuperado quando novamente, em jogada de Marcelo, Marcos Júnior não desperdicou e fez o segundo. O time de Alagoas entrou em desespero e passou a tentar diminuir para chegar ao empate que lhe daria o título. Aos 36, Bismarck – o mais técnico jogador do time nordestino – chutou e Mota bateu roupa, mas conseguiu pegar de novo.
Três minutos depois, mais do que se poderia esperar: o goleiro Pantera, ao sair para fazer a defesa na bola lançada para David, se enrolou, soltou a bola e o atacante do Voltaço só empurrou para o fundo da rede: 3 a 0 para o Tricolor de Aço e delírio da torcida nas arquibancadas.
Veio o segundo tempo e o CSA ficava no dilema de ir para o tudo ou nada. Aos 5, Obinma perdeu um a grande chance numa furada bisonha frente a frente com Mota. Aos 14, Michel Cury, que entrou no segundo tempo, fez um lindo lançamento para Dija. O atacante recebeu na direita e cruzou rasteiro na área. A bola encontrou o mesmo Michel. que perdeu uma chance incrível, acertando o travessão.
O CSA respondeu com Bismarck chutando na rede pelo lado de fora logo no ataque seguinte. Aos 21, veio o tiro de misericórdia no CSA: Dija Baiano fez um bom lançamento da esquerda, o goleiro Pantera falhou de novo e a bola sobrou livre para Marcos Júnior marcar o segundo dele e o quarto do Voltaço.
Pronto. Era o que faltava para o Raulino se transformar numa imensa casa de festas. Surgiram os primeiros gritos de “é campeão”, depois de “olé”. O jogo estava liquidado, o título garantido, a comemoração estava só começando. Quando veio o apito final, o êxtase já dominava as arquibancadas.
- Nem nos meus melhores sonhos imaginei uma vitória assim – festejou o artilheiro da noite, Marcos Júnior.
Inicialmente comedido, o técnico Felipe Surian acabou entrando na pilha dos jogadores, que, antes do troféu, levantaram o comandante, no reconhecimento de seu belo trabalho. “Estou muito feliz e certo também de que vem muita coisa boa por aí”, previu o jovem treinador enquanto era abraçado pelos jogadores ao comemorar seu primeiro título como técnico.
Também no gramado, com o filho nos braços, o atacante Dija Baiano – que chegou a ser dispensado por indisciplina ao final do Campeonato Estadual, mas retornou ao clube – não deixou de dar uma resposta. Numa campanha marcada por muito esforço dentro de campo e por gols decisivos, ele declarou: “A glória [pelo resultado] é de Deus. Agora, o Dija pode quebrar tudo”, ironizou. Claro que pode, Dija, pelo menos até o próximo jogo oficial, no ano que vem. Afinal, você e seus companheiros são campeões, merecidos heróis com os nomes inscritos para sempre na história do Tricolor de Aço.
CAMPANHA INESQUECÍVEL - O Volta Redonda fez uma campanha irrepreensível na Série D. Depois de ficar em quinto lugar no Campeonato Carioca, o time já entrou como favorito. Na primeira fase, caiu no mesmo grupo de Desportiva (ES), Goianésia (GO) e URT (MG). Após quatro vitórias e dois empates, ficou em primeiro no grupo com 14 pontos.
Na segunda fase, enfrentou o URT (segundo colocado no mesmo grupo). Fora de casa, a equipe empatou em 1 a 1 e, no jogo de volta, ganhou por 2 a 0 no Raulino de Oliveira. Nas oitavas de final, a equipe enfrentou o Anápolis e garantiu a vaga fora de casa. Em Goiás, ganhou por 2 a 1. Na volta, só precisou segurar o adversário e passar com 0 a 0.
Nas quartas de final, a equipe saiu da região Sudeste pela primeira vez no campeonato. E passou muito bem pelo Fluminense de Feira (BA) com duas vitórias: 3 a 2 fora de casa e 2 a 1 em Volta Redonda.
Nas semifinais, o adversário era o Moto Club (MA). Mais uma vez, o time conseguiu garantir a vaga com uma vitória em casa. No jogo de ida, empatou por 1 a 1 diante de 12 mil pagantes (segundo maior público do campeonato). Na volta, venceu por 3 a 1.
Na final, o Volta Redonda não só garantiu a taça como também manteve a invencibilidade na competição. No jogo de ida, empatou por 0 a 0 com o CSA. Na volta, conseguiu 4 a 0 e garantiu a taça.
Agora, a equipe volta à disputa da Série C. A última vez que a equipe disputou a competição foi no ano de 2007, época em que ainda era a última divisão do futebol brasileiro. A equipe se junta ao Macaé como representante do estado na competição. (Imagens:Claudinei Evangelista e Reprodução de TV)
VOLTA REDONDA 4 X 0 CSA
LOCAL: Raulino de Oliveira
ÁRBITRO: Antonio Santos Nunes (PI)
AUXILIARES : Anderson José de Moraes Coelho e Herman Brumel Vani (PI)
CARTÕES AMARELOS : Dija Baiano (VRE), Denilson, Marcos Antonio, Jeferson Maranhão, Kelvin (CSA)
RENDA E PÚBLICO: R$ 137.000,00/ 6.748 pagantes (7.848 presentes)
GOLS : Dija Baiano, 25'/1ºT (1-0), Marcos Junior, 31'/1ºT (2-0), David, 38'/1ºT (3-0)
VOLTA REDONDA : Mota; Osmar, Daniel Felipe, Gilberto e Cristiano; João Clériston, Marcelo e Marcos Júnior (Luiz Gustavo, 29'/2ºT); Dija Baiano, Rafael Pernão (Douglas Pedroso, 19'/2ºT) e David (Michel Cury, Intervalo). TEC: Felipe Surian
CSA : Pantera; Denilson, Leandro Silva, Leandro Cardoso; Rafinha; Panda, Marcos Antonio, Didira (Marcelo Nicácio, Intervalo) Bismarck (Jeferson Maranhão, 25'/2ºT); Jonatas Obina (Azul, 37'/2ºT) e Kelvin. TEC : Oliveira Canindé