Cidades
Morte de equinos em VR: 'operação de guerra' é montada no Clube Hípico
05/06/2025 17:46:47
Uma verdadeira “operação de guerra”. Assim a médica veterinária Alessandra Ribeiro Lucena classificou, na tarde desta quinta-feira (5), o cenário no Clube Hípico de Volta Redonda, na Ilha São João, para tentar evitar a morte de mais animais. A direção do clube confirmou, até então, sete óbitos por intoxicação, provocada por uma ração possivelmente contaminada.
Especialista em cardiologia animal e dona de uma clínica no Rio de Janeiro, ela está em Volta Redonda para, juntamente com outros veterinários, submeter os equinos a exames para tentar soluções que evitem mais perdas. Alessandra confirmou que a intoxicação tem levado os animais rapidamente a óbito. “O quadro normalmente começa a afetar o equino com apatia, anorexia, inapetência, sobrecarga hepática – alterando as enzimas do fígado. O intestino pode ficar mais preguiçoso e o trabalho que estamos desenvolvendo junto aos clínicos da região é a avaliação cardiológica e pneumológica para ver se os sistemas também estão sendo afetados”, disse
Segundo ela, a intoxicação também pode levar à dilatação e enfraquecimento do coração dos equinos. Alessandra explicou ainda que não existe um tratamento eficaz de cura: “Estamos numa batalha para tentar identificar os equinos que ainda não estão apresentando sintomas claros, com exames para começarmos uma terapia de suporte para tentar salvar. O índice de mortalidade está muito alto”, frisou a veterinária.
Os animais começaram a comer a ração, da marca Nutratta, em abril, e adoeceram nas últimas semanas. Ela acredita que a ração continha algum componente utilizado na complementação alimentar de bovinos, “mas que, para o cavalo, é altamente tóxico”.
Angústia – O Clube Hípíco abrigava, até então, cerca de 60 animais. Na tarde desta quinta, a maioria estava sendo medicada com soro, para angústia dos proprietários. Ali estão animais que podem custar de R$ 20 mil até R$ 300 mil, segundo associados. Mas não é a perda financeira o motivo da angústia e, sim, o valor sentimental que cavalos e éguas passam a ter, sobretudo para crianças.
“Tem muita criança no clube, elas ficam muito abatidas. Perder o cavalo é muito triste. A dor da perda é muito maior do que o valor financeiro”, disse Anselmo José Martins, emocionado, mas se dizendo otimista “de que o pior já tenha passado”.
É também nas instalações do clube que ficam os equinos da Escola Hípica de Volta Redonda, mantida Fundação Beatriz Gama (FBG). O presidente da instituição, Vitor Hugo de Oliveira – que tem um cavalo particular no clube – disse que os animais da escolinha pública não foram alimentados com a ração, que ainda seria comprada. “A lentidão do serviço público nos salvou”, afirmou. O cavalo dele é um dos que estão recebendo soro.
O que aconteceu – A ração servida aos equinos funciona como um complemento alimentar, substituindo a silagem de milho e capim. Mortes de animais com os mesmos sintomas foram registradas em outros estados, principalmente no interior de São Paulo. Na quarta-feira (4), o Ministério da Agricultura e Pecuária mandou suspender a venda e o recolhimento do produto até que as causas da intoxicação sejam esclarecidas.
Até o momento desta publicação, a Nutratta Nutrição Animal – cuja sede fica em Goiás – não havia se manifestado a respeito do caso. Se houver algum posicionamento da empresa, o mesmo será publicado. (Fotos: FOCO REGIONAL)