terça-feira, 14 janeiro 2025
Whatsapp | (24)99202-0053

Colunas

Esporte

por: Filipe Cury

O futebol já foi mais legal

18/11/2016 12:53

O jogador não pode comemorar mais o gol com a torcida. O jogador não pode mais tirar a camisa na hora do gol. O jogador não pode conceder entrevista e se mostrar indignado com um acontecimento. O atleta não deve demonstrar emoção. Deve ser estático, sério e frio, mesmo se realizar um feito importante para sua equipe. Vida social? Que seja longe dos holofotes, pois se for flagrado por alguém da imprensa corre o sério risco de ter sua reputação manchada mesmo se corresponder nos gramados.

Até porque, a sociedade brasileira é boazinha demais. Aliás, o mundo é santo. Ninguém sai, ninguém se diverte. Amamos nossas casas e camas. Não ingerimos bebidas alcóolicas após uma cansativa semana de trabalho. Não fazemos sexo, pois é um ato hediondo. Falar palavrão? Cruzes. Rir é um crime, não fazemos isso. Odiamos dançar e música não é coisa de Deus. Viajar, quem gosta?

Amamos fazer isso. E muito. E é isso que nos mantém com vontade grande de viver. Trabalhamos para isso. Mas, os jogadores, eles não podem. O Flamengo perde uma partida e o Diego não pode almoçar que já sai na mídia que ele foi flagrado comendo. Lembro que estava assistindo Brasil e Peru nas eliminatórias, último do time de Tite no ano, e com seis minutos de jogo alguns narradores já criticavam a postura da equipe em campo. Cinco minutos depois o Brasil já dominava o jogo.

E se a seleção perdesse? A imprensa deveria incentivar e apoiar o máximo, pois estava jogando fora de casa, diante de um adversário que vinha de vitória, ao invés de tentar atuar contra a equipe de seu país. Depois reclamam de uma instituição que entra em crise, mas os principais culpados, em muitas vezes, são os próprios comunicadores que emitem a mensagem errada e influenciam na opinião pública.

A última, e mais estúpida, na minha opinião, foi protagonizada pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva. Na quarta-feira, o STJD suspendeu o Grêmio com a perda de um mando de campo na final da Copa do Brasil porque a Carol Portaluppi, filha de Renato Gaúcho, estava presente no banco de reservas do time gaúcho. Após protestos, na quinta, o tribunal retrocedeu e decidiu que iria manter o jogo na Arena Grêmio.

A atitude do STJD é reprovável por tentar tirar o mando de campo de uma equipe em uma final de campeonato por motivo fútil. Não foi com o Flamengo, meu time, mas amanhã poderia ser e isso poderia causar um enorme desconforto. Não digo que os atletas não devam ser profissionais e sejam descuidados, mas qualquer coisa é motivo para punição e isso já está bem chato.

Imagina se o Romário ou Túlio Maravilha jogassem nos dias de hoje? Provavelmente não jogariam, porque estariam respondendo no tribunal.

Filipe Cury é estudante de jornalismo e faz estágio no FOCO REGIONAL

E-mail: filipecury93@gmail.com

Em foco

Notícias primeiro na sua mão

Primeiro cadastre seu celular ou email para receber as ultimas notícias.

Curta nossa fan page, receba todas as atualizações - Foco Regional