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Saúde e amizade nos pedais

17/10/2021 19:11:39

Maria das Graças Alencar Silva tem 69 anos. Comerciante em Barra Mansa, ela tira três dias da semana para praticar o esporte que conheceu 16 anos atrás e não abre mão: pedalar. “Terças e quintas, faço um bate-volta”, conta Gracinha Alencar, como é mais conhecida, se referindo a percursos mais curtos. “Domingo a gente pedala bem mais”, acrescenta, esbanjando disposição e bom humor.

Lembra, orgulhosa, já ter passado sete dias pedalando no Vale Europeu, em Santa Catarina. “Comecei [a pedalar] incentivada por minha cunhada Neuza, hoje com 73 anos, dona de uma loja de bike. Ela ainda pedala, mas hoje bem menos. Quanto a mim, nunca mais parei, nem quero parar”, afirma Gracinha.

A pandemia de Covid-19 fez a venda de bicicletas, desde o ano passado, disparar em todo o país. Aumento, segundo o setor que reúne fabricantes e revendedores, de 30% a até 66% em algumas cidades, caso de capitais como São Paulo. Mas o fenômeno é visto a olho nu, por onde se anda. Sobretudo nos fins de semana, isolados ou em grupo, os pedaleiros estão por todo lado.

“O meu faturamento mensal aumentou 30% com a pandemia. E só não foi maior por falta de mercadorias”, confirma Bianca Ribeiro de Almeida, dona de uma loja de bikes também em Barra Mansa, aberta pelo pai, que ela acabou assumindo. E então uniu o útil ao agradável: há cinco anos, o pedal passou a fazer parte da sua rotina.

Saúde e amizade nos pedais

Bianca: Dona de loja de bikes uniu o útil ao agradável

Neste domingo (17), com tempo encoberto e, em vários momentos, chuva fina, um grupo de cerca de 100 ciclistas partiu do Centro para Barra Mansa para o distrito de Rialto. Detalhe: entre eles, um grupo partiu de Volta Redonda para se encontrar com os amigos na cidade vizinha e, dali, para o distrito. Aliás, Rialto já virou uma espécie de queridinho dos ciclistas. O bucólico distrito já conta até com um “Point dos Ciclistas”, nome dado à padaria na pracinha central.

IDOSOS – Também não passa desapercebido o grande número de pessoas que, a exemplo de Gracinha, encontrou na bicicleta a maneira de manter não somente a forma física como saúde mental. É o caso de Carlos de Carlos Henrique Rodrigues, de 59 anos. Há oito meses, desde que deixou a Baixada Fluminense para morar em Barra Mansa, onde trabalha no setor administrativo de um mercado, pedalar passou a fazer parte de sua vida tanto quanto o trabalho.

“Tive minha primeira bicicleta aos 18 anos, mas estava sem pedalar há uns 10 anos, porque lá [na Baixada], tem violência, insegurança, engarrafamentos. Aqui é muito mais tranquilo. Depois que me mudei para Barra Mansa, comprei uma bicicleta, recomecei devagar e hoje pedalo de 70 a 100 quilômetros num dia e me sinto muito bem. Além da saúde física, a saúde mental melhora muito”, atesta Carlos Henrique.

Saúde e amizade nos pedais

Gracinha Alencar e Carlos Henrique: Pedalar é rotina ara manter saúde física e mental

Todos destacam o convívio com os demais pedaleiros como um incentivo a mais para longos percursos, alguns inimagináveis, sobre uma bicicleta, para quem prefere o carro para à padaria a menos de três quilômetros de casa. “A galera que pedala acaba fazendo uma amizade que nunca vi em outros esportes”, confirma Bianca. Gracinha faz coro. “Todas [as pessoas] são ótimas, muito agradáveis”, acrescenta a comerciante, frisando o apoio recebido do marido e dos filhos, um deles professor de educação física.

E, para quem quer começar, é sempre bom ouvir a voz da experiência. Fala, de novo, Gracinha Alencar: “É não desanimar nunca. Comece sem pressa, sem querer acompanhar o ritmo de quem pedala mais. É só começar”.

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