Estado
Operação combate organização que fabricava fuzis para facções do RJ
Em prisão domiciliar, líder do esquema comandava as ações, diz PF
15/10/2025 10:39:30
A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (15) a “Operação Forja”, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa especializada na produção, montagem e comércio ilegal de armas de fogo de uso restrito, com capacidade estimada de entregar 3,5 mil fuzis por ano para abastecer as principais facções do Rio de Janeiro. A ação, desenvolvida em conjunta com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público Federal (Gaeco/MPF), contou com o apoio da Polícia Militar do Estado de São Paulo.
Cerca de 50 policiais federais cumpriram 10 mandados de prisão preventiva e oito de busca e apreensão nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Além das prisões e buscas, a Justiça Federal determinou o sequestro de R$ 40 milhões em bens e valores dos investigados, visando descapitalizar a organização criminosa.
A investigação é um desdobramento da "Operação Wardogs", de outubro de 2023, na qual o líder do grupo foi preso em flagrante com 47 fuzis, levando ao desmantelamento de uma primeira fábrica em Belo Horizonte. Mesmo em prisão domiciliar, e após ser condenado a 12 anos de prisão pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, o investigado continuou, segundo a PF, a comandar a organização, reestruturando a operação e transferindo a produção para uma nova e mais sofisticada planta industrial no interior de São Paulo, que operava sob a fachada de uma empresa de peças aeronáuticas.
Em agosto de 2025, a Polícia Federal conseguiu desarticular a fábrica em Santa Bárbara d’Oeste, onde foram apreendidos fuzis já montados e mais de 31 mil peças e componentes, material suficiente para a produção de dezenas de outras armas.
O grupo criminoso também importava componentes de fuzis dos Estados Unidos e da China, utilizando maquinário industrial de alta precisão para produzir as peças em território nacional. As armas produzidas eram destinadas a facções criminosas do Rio de Janeiro, com entregas coordenadas para o Complexo do Alemão e a Rocinha.
Os investigados responderão pelos crimes de organização criminosa majorada, tráfico Internacional de arma de fogo de uso restrito, comércio ilegal de arma de fogo de uso restrito. O nome da operação, "Forja", é uma referência direta à atividade principal do grupo: a fabricação (forja) clandestina de armamentos em escala industrial. (Foto: Polícia Federal)