sexta-feira, 25 abril 2025
Whatsapp | (24)99202-0053

Especiais

Movimento busca apoio para mudar critérios de concessão do BPC

09/03/2019 18:27:10

Passava das 11 horas da manhã deste sábado, 9 de março, quando a professora Ana Carla  Nery Pereira, de 52 anos, indiferente ao sol forte e a temperatura já rompendo a barreira dos 30ºC, percorria a principal avenida do Jardim Vila Rica, em Volta Redonda. Empurrando na cadeira de rodas a filha Giovanna, de 19 anos, ela abordava as pessoas na calçada ou nos estabelecimentos comerciais pedindo assinaturas para um movimento nacional que tem por objetivo lutar por mudanças nos critérios de concessão e manutenção do BPC (Benefício de Prestação Continuada), concedido a pessoas com deficiência e idosos.

Atualmente, para ter direito ao benefício, a renda por pessoa do grupo familiar não pode ser superior a um quarto do salário-mínimo em vigor, ou seja, cerca de R$ 238. Com este valor, milhares de pessoas não conseguem ou foram excluídas do programa.

O movimento #Euempurroessacausa nasceu em Minas Gerais e rapidamente se espalhou pelo país, atingindo hoje praticamente uma centena de cidades. O objetivo é conseguir pressionar o governo a fazer alterações que permitam atender a um número maior de pessoas com deficiências severas.

O caso de Ana Carla é um exemplo. A filha dela tem Síndrome de West (uma forma de epilepsia que se inicia na infância) e autismo severo. Professora da rede pública de Barra Mansa, desde 2011 Ana recebia o BPC, no valor integral de um salário mínimo, até que, em janeiro de 2018, o benefício foi cortado.

- Não teve um aviso, uma comunicação, absolutamente nada – conta a professora. Segundo ela, no INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), a explicação que recebeu é de que ela tem condições de bancar o tratamento da filha.

Não é o que parece. Ana Carla assegura que o gasto apenas com medicamentos para Giovanna beira a R$ 1 mil por mês. Neste valor não se inclui a cannabis medicinal importada, usada pela jovem. A mãe conseguiu junto à Defensoria Pública que o estado lhe forneça o medicamento – que não chega com a regularidade necessária: “Um vidro custa R$ 1,8 mil e não dá para um mês”,

De acordo com a mãe, Giovanna faz uso também de cannabis nacional, que custa R$ 540. “Foi a única medicação que conseguiu controlar mais [as convulsões]”, afirma Ana.

Devido à deficiência da filha, a professora – mãe de outra menina – não pode ter mais de uma matrícula na rede pública. Licenciada há nove meses, justamente para acompanhar Giovanna, devido ao aumento das convulsões, ela se prepara para retornar ao trabalho na próxima semana. Mas precisa de um tempo para a jovem, que, ainda criança, passou por duas cirurgias cerebrais em Porto Alegre. “A infância dela foi no hospital”, lembra a mãe.

O caso de Giovanna não é único em Volta Redonda. “Conheço famílias na mesma situação que estão desesperadas”, confirma a professora, moradora de Volta Redonda há 12 anos. Na cidade, ela ainda conta com a escola especializada para alunos com autismo, onde a filha estuda.

Com o corte do BPC, a mãe – enquanto está em casa – busca outras formas de fazer dinheiro, seja produzindo sorvete artesanal ou dando aulas particulares. “Isso quando posso. O BPC me dava um pouco mais de suporte”, lamenta Ana Carla.

Engajada no movimento, ela informa que nos dias 19 e 23 deste mês haverá um encontro com duas assistentes sociais do INSS. Em ambas as datas, os encontros serão realizados a partir das 14 horas, na Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres, Idosos e Direitos Humanos.

- E quem quiser pode entrar na página do movimento e assinar digitalmente – adianta a professora.

 

Comentários via Facebook

(O Foco Regional não se responsabiliza pelos comentários postados via Facebook)

+ Lidas

Em foco

Notícias primeiro na sua mão

Primeiro cadastre seu celular ou email para receber as ultimas notícias.

Curta nossa fan page, receba todas as atualizações - Foco Regional

Tempo Real

21:14 Cidades