Nacional
Mais de 60 garças morrem em poda de árvores em cidade mineira e gera revolta
Intervenção aconteceu no período de reprodução das aves
11/02/2025 17:29:29A população da cidade de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, está revoltada com a prefeitura da cidade por uma questão ambiental: 66 garças morreram e pelo menos 150 ficaram feridas devido à poda de árvores numa praça do bairro Joana Darc. A intervenção foi realizada na segunda-feira (10). Este é o período de reprodução da espécie e havia centenas de ninhos nas árvores.
Segundo relatos de moradores, citados pelo jornal Estado de Minas, o chão foi coberto por filhotes agonizando, ovos destruídos e corpos de garças. “A gente que mora aqui, sabe que, todos os anos, elas (garças) voltam. São muitos animais, e as árvores são ninhos gigantes. Foi muito triste. A gente passa na lagoa, e elas estavam sobrevoando à procura dos filhotes. Tem décadas que essas aves vêm para cá”, lamentou um morador.
Segundo o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), muitas das garças que estavam nos galhos caíram junto com os ninhos. De acordo com a reportagem, os próprios moradores iniciaram o resgate dos animais, até a chegada do Grupo de Resgate Animal de Belo Horizonte (GraBH) e do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Coman). As aves passaram a noite em um centro de acolhimento provisório, e, pela manhã, o Ibama foi acionado para transferi-las ao Cetas, onde receberam atendimento veterinário, muitas com ferimentos graves.
Polícia apura - A Polícia Civil de Minas Gerais informou à publicação que está apurando as circunstâncias e a responsabilidade pelo possível dano ambiental causado pela poda de árvores. Apesar de a poda estar autorizada, os responsáveis pelo serviço foram autuados e encaminhados à delegacia. Eles podem responder com base no artigo 29 da Lei 9.605/98, que trata de crimes ambientais.
Em nota, a prefeitura de Lagoa Santa afirmou que a autorização para a poda foi expedida com uma indicação expressa para que o serviço não fosse realizado onde houvesse a presença de ninhos e aves. Segundo a administração municipal, a orientação foi reforçada no documento oficial, seguindo a Resolução 09/2015, que trata da remoção de ervas-de-passarinho nas árvores da cidade.
A prefeitura informou ainda que as responsabilidades estão sendo apuradas e que sanções administrativas e ambientais já foram aplicadas à empresa contratada, de maneira punitiva e emergencial. O prefeito Breno Salomão, em vídeo publicado nas redes sociais, disse que o trabalho “parece não ter sido realizado da forma correta e que não deveria ter sido efetuado daquela maneira”.
As garças têm um papel essencial no equilíbrio ecológico, atuando no controle de populações de peixes, insetos e pequenos vertebrados. A morte de dezenas de aves e a perda de ovos podem comprometer a presença da espécie na região nos próximos anos, já que muitas dessas aves seguem rotas migratórias e retornam anualmente aos mesmos locais de reprodução. (Foto: Redes sociais)