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Hóquei no gelo: as brigas são atração ou problema na modalidade?
Assunto é tema de debate entre adeptos deste esporte nos EUA
12/01/2021 17:16:03Embora as brigas façam parte do hóquei de gelo desde que este esporte foi criado, a NHL (National Hockey League), dos EUA, tem um inevitável encontro marcado com uma definição: mitigar o cada vez mais baixo nível das brigas no gelo, ainda que os confrontos façam parte da atração deste jogo profissional nos Estados Unidos.
Consta que a primeira briga regulamentada oficialmente na NHL se deu em 1922, cinco anos após a inauguração da liga. Desde então, milhares de brigas no gelo aconteceram desde então, a ponto de, quase um século depois, alguns times ganharem reputação de jogarem sujo.
Entre eles, se destacam o Boston Bruins e o Anaheim Ducks, citados por fãs entre os times mais sujos da era moderna.
Entre os especialistas deste esporte, a avaliação é de que a reputação é merecida. De acordo com levantamento publicado no blog da casa de aposta Betway, a temporada 2010/11, os Bruins lideram as brigas, tendo recebido 371 penalidades graves (fighting majors) neste período. Também está na liderança entre os que mais brigas instigaram no mesmo período, sendo punido por iniciar 21 brigas nas últimas 10 temporadas.
Já os Ducks somam 363 penalidades graves por brigas desde 2010/11, embora contabilize somente nove punições por instigar brigas no mesmo período.
Ottawa Senators, Columbus Blue Jackets e Philadelphia Flyers, com 323, 316 e 309 penalidades graves por brigas, respectivamente, desde 2010/11, aparecem em seguida.
O jogo sujo, obviamente, vai além das brigas, e o Philadelphia Flyers somou nada menos que 8.951 minutos no penalty box desde 2010 – mais do que qualquer outro time.
Na outra ponta da lista, o Carolina Hurricanes é o menos envolvido, com apenas 132 penalizações graves por brigas desde 2010/11. Também é o que soma menos tempo no penalty box na NHL. Foram apenas 6.091 minutos de punição nas últimas dez temporadas.
Também figuram entre os “times limpos” o Detroit Red Wings, o Chicago Blackhawks e o Arizona Coyotes. Também desde 2010, nenhum time provocou menos brigas do que o Toronto Maple Leafs: foi apenas uma punição em dez temporadas.
Independente dos números, a questão em debate – que não é recente – no hóquei é se as brigas têm futuro nesta modalidade de esporte. Há quem aponte danos como lesões desnecessárias – especialmente ao cérebro – e desperdício de tempo, além de jogar para segundo plano os aspectos mais técnicos do esporte.
Quem defende a continuidade das brigas argumenta que elas ajudam a impedir outras formas de jogo sujo e que também dão proteção aos craques do esporte.
Entre os fãs, é inegável que muitos veem as brigas como uma atração a mais – a ponto de torcer para que aconteçam. Mas, também independentemente das opiniões do público, os números apontam para uma história ameaçadora para o futuro das brigas no hóquei.
Durante a temporada 2010/11, houve uma média de mais de uma briga a cada duas partidas - exatamente 0,52 por jogo. Em 2019/20, o número caiu para 0,18.
De modo geral, o número de brigas na NHL caiu em 70% nos últimos dez anos, e as penalidades graves por brigas foram de 1.274 em 2010/11 para apenas 388 em 2019/20.
A temporada 2018/19 foi a primeira dos tempos modernos em que menos de 200 partidas tiveram uma penalidade grave por briga, com a temporada 2019/20 dando sequência.
Outra consequência é que menos jogadores estão se envolvendo em brigas. Enquanto na temporada 2010/11,348 jogadores participaram de pelo menos uma briga (número recorde), no ano passado menos de 250 jogadores tiraram suas luvas para brigar.
Todas estatísticas relevantes mostram que as brigas na NHL estão em queda, e não há nada que sugira que esse padrão vai mudar em breve. O que isso significa para o futuro da liga?
É prematuro responder. Uma coisa é certa: o assunto não pode ser ignorado por muito mais tempo. E, qualquer que seja a decisão, terá influência nos rumos do hóquei de gelo. (Foto: Divulgação)