Educação
Dia Mundial de Conscientização do Autismo: o exemplo de Volta Redonda
02/04/2025 09:39:12O Dia Mundial de Conscientização do Autismo, que transcorre nesta quarta-feira (2), foi instituído pela ONU (Organização das Nações Unidas) para difundir informações sobre essa condição do neurodesenvolvimento humano e combater o preconceito. As características comuns no autismo são pouco contato visual, pouca reciprocidade, atraso de aquisição de fala e linguagem, desinteresse ou inabilidade de socializar, manias e rituais, entre outros.
A inclusão escolar e a alfabetização de crianças e adolescentes do espectro autista estão entre os desafios para a efetivação de direitos dessa população. E, neste aspecto, a cidade de Volta Redonda é um exemplo não somente para a região, mas também para o estado do Rio, na implementação de políticas e equipamentos voltados para este público.
Na rede municipal de ensino, o atendimento começa pela Escola Especializada Dayse Mansur da Costa Lima, no bairro Jardim Paraíba, onde são atendidos crianças e jovens até completarem 16 anos. O objetivo é colaborar com a evolução dos alunos na parte pedagógica e também incentivar o convívio social para melhorar a qualidade de vida do autista e de sua família.
Ao serem transferidos da Dayse Mansur para o Sítio Escola Municipal Espaço Integrado do Autista Thereza Chicarino (Semeia), por conta da idade, os alunos passam a realizar atividades adaptadas. Frequentam academia de ginástica, fazem atividades na quadra de esportes e participam de passeios sociais, como idas a supermercados, além de frequentarem numa oficina de artes.
No Sítio Escola, que completa 20 anos em 2025, os alunos – a maior parte já na fase adulta – também contam com horta, cozinha modelo e casa modelo, onde executam tarefas do dia a dia para conquistar mais independência. O Semeia fica no bairro São Luiz.
E existem na rede as chamadas Salas SAP – unidades especializadas que atendem autistas de nível 3 nas escolas regulares de Ensino Fundamental. São direcionadas aos alunos autistas de nível de suporte 1 e 2. As crianças passam um período na sala SAP, que auxilia na adaptação à escola e na realização das atividades em sala de aula.
As salas SAP funcionam com um programa especial para mostrar os princípios da organização, rotina, tarefas estruturadas, eliminação de estímulos concorrentes e controle de comportamento.
Outros – Ainda em Volta Redonda, a Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência coloca à disposição abafadores de ruído desenvolvidos especialmente para pessoas autistas. Trezentas unidades já foram distribuídas e, para solicitar, basta comparecer à sede da secretaria, na Avenida 17 de Julho, número 20, no Aterrado.
A secretaria também fornece carteirinhas de identificação para autistas. O documento contém informações pessoais dos usuários, como a classificação do autismo, CPF, data de nascimento, tipo sanguíneo e contato dos responsáveis, além de um QR Code com a rede de atendimento e as leis sobre autismo. A solicitação também deve ser feita na sede da secretaria.
Em 2022, o projeto “Laço Azul” foi lançado no Hospital Municipal Dr. Munir Rafful, no Retiro, para crianças com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA). Atualmente, mais de 300 crianças estão no projeto, que auxilia no desenvolvimento da comunicação e da autonomia.
O programa, que conta com especialistas em fonoaudiologia, educação física, psicologia, terapia ocupacional, psicopedagogia e musicoterapia, ensina, na prática, como eliminar comportamentos inadequados e ajuda as crianças a se comunicarem, brincarem e interagirem. O foco é a análise do comportamento das crianças e a intervenção aplicada aos ambientes comuns, como sua própria casa e escola. Para acessar o projeto”, o usuário deve ser encaminhado por uma unidade básica de saúde.
O diagnóstico precoce é fundamental para o tratamento. “Como o transtorno é um espectro, algumas crianças com autismo falam, mas não se comunicam, ou são pouco fluentes e até mesmo não falam nada. Uma criança com autismo não verbal se alfabetiza, mas a dificuldade muitas vezes é maior”, explicou à Agência Brasil a psicopedagoga e psicomotricista Luciana Brites, diretora-executiva do Instituto NeuroSaber, do Paraná.
A especialista destaca que a inclusão é um tripé que depende de famílias, escolas e profissionais de saúde. “Professor, sozinho, não faz inclusão. Tudo começa na capacitação do professor e do profissional de saúde. É na escola que, muitas vezes, são descobertos os alunos com algum transtorno e encaminhados para equipes multidisciplinares do município”, acentua. (Foto: Divulgação)