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De Sávio Gama até hoje, Volta Redonda teve 23 prefeitos

14/11/2020 21:37:02

Sávio Gama (à direita) foi emancipador e primeiro prefeito de Volta Redonda

Desde que foi emancipada, em 17 de julho de 1954, Volta Redonda teve 23 prefeitos. Ex-distrito de Barra Mansa, escolhida para sediar a Companhia Siderúrgica Nacional, a cidade do aço, como se tornou conhecida, logo assumiu o protagonismo como a maior do sul do estado do Rio, em todos os aspectos, do populacional ao econômico.

Sua história política, no entanto, é bem mais intensa do que podem sugerir os apenas 66 anos de emancipação. Os mais jovens talvez não saibam, mas Volta Redonda foi a primeira cidade do Brasil a ter um prefeito, César Lemos, destituído do cargo por impeachment.

Declarada Área de Segurança Nacional no período da ditadura militar, Volta Redonda teve seus moradores impedidos de escolher seus prefeitos neste período. O chefe do Executivo era nomeado pelo governador do estado, com o crivo do governo militar. Somente com a redemocratização, a população pôde novamente votar livremente no principal mandatário da cidade, a partir de 1985.

Dois prefeitos morreram no exercício do mandato: Francisco Torres e Juarez Antunes. Este estava no exercício do cargo havia apenas 51 dias, quando sofreu um acidente de carro em Minas Gerais. Não faltaram teorias de conspiração de que a morte do sindicalista não foi fruto de acidente.

Até hoje, Volta Redonda teve apenas uma prefeita mulher, mesmo assim interinamente: presidente da Câmara de Vereadores, América Tereza ficou dois dias no cargo, em 2013, enquanto o eleito, Antônio Francisco Neto, enfrentava um pedido de cassação – que venceu.

O PRIMEIRO – Um dos líderes do movimento de emancipação, Sávio Gama foi o primeiro prefeito de Volta Redonda. Ele governou de 6 de fevereiro de 1955 a 31 de janeiro de 1959. Neste período, o vice Wilson de Paiva administrou a cidade durante um mês, a partir de 1º de maio de 1958, devido a um pedido de afastamento de Sávio para cuidar da saúde.

Sávio Gama foi sucedido por César Lemos, que assumiu em 31 de janeiro de 1959. O mandato, todavia, não se concretizou. Responsabilizado por diversos atos administrativos, entre os quais o atraso de nove meses dos salários do funcionalismo, Lemos foi cassado pela Câmara Municipal em 28 de março de 1960.

O médico Nelson Gonçalves – pai do ex-deputado estadual Nelson Gonçalves Filho – assumiu a prefeitura de Volta Redonda no mesmo dia e governou até 31 de janeiro de 1963. Ele também se ausentou da cadeira de prefeito para concorrer à Assembleia Legislativa do antigo estado do Rio de Janeiro. Assim, entre 7 de setembro e 8 de outubro de 1962, o exercício do cargo de prefeito coube ao então presidente da Câmara de Vereadores, Demerval Silva.

É interessante ressaltar que, desde a emancipação até  então, todos os ocupantes do cargo de prefeito de Volta Redonda eram do antigo PSD – que exerceu hegemonia na política nacional entre 1945 e 1965.

A corrente foi quebrada por João Pio (PDC), que governou a cidade entre 1º de fevereiro de 1963 e 31 de janeiro de 1967. Pio foi sucedido por Sávio Gama, que retornou ao comando do governo municipal pelo MDB, ocupando o cargo entre 1967 e 31 de janeiro de 1971.

Atrelada aos militares, a Arena (Aliança Renovadora Nacional), elegeu Francisco Torres o prefeito seguinte. Ele foi o primeiro mandatário de Volta Redonda a morrer durante o mandato, em 21 de novembro de 1972. O cargo foi assumido interinamente por Iran Natividade, o vice, que dirigiu a cidade até 31 de janeiro de 1973.

Foi também pela Arena que Nelson Gonçalves retornou à prefeitura. Seu segundo mandato foi exercido de 1º de fevereiro de 1973 a 31 de janeiro de 1977.

A partir daí, Volta Redonda teve quatro prefeitos nomeados. O primeiro foi o engenheiro Georges Leonardos (1º de fevereiro de 1977 a 23 de março de 1979); o militar Aluízio Costa (26 de abril de 1979 a 23 de março de 1982), que acabou se afastando do cargo, sendo interinamente substituído pelo vereador William de Freitas, entre 22 e 28 de abril de 1982, até a indicação de Benevenuto dos Santos Neto, que ficou no cargo até 31 de dezembro de 1985.

A VOLTA DAS ELEIÇÕES – Benevenuto foi o último nomeado. Com a abertura democrática, as eleições de prefeito tornaram a acontecer na cidade e o eleito foi o médico Marino Clinger, do PDT de Leonel Brizola, que antes, em 1982, havia sido o vereador mais votado da história de Volta Redonda até então. Ele governou de 1º de janeiro de 1986 a 31 de dezembro de 1988.

Clinger era o prefeito no período em que Volta Redonda viveu o momento mais dramático de sua história: a greve dos metalúrgicos da CSN, que terminou com três operários mortos em confronto com soldados do Exército. Os acontecimentos levaram à eleição de outro pedetista, o então deputado federal e presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Juarez Antunes, que liderou o movimento dos trabalhadores.

O sindicalista, no entanto, ficou menos de dois meses no cargo. Assumiu em 1º de janeiro de 1989, mas morreu num acidente de carro em Minas Gerais quando seguia para Brasília, onde cumpriria uma agenda simples, que previa, entre outras coisas, a devolução das chaves do apartamento funcional que ocupara como deputado.

O cargo de prefeito foi assumido pelo vice, o arquiteto Wanildo de Carvalho, cujo governo foi marcado por seguidas turbulências políticas, com diversas denúncias de corrupção. Wanildo se tornou prefeito numa intensa pressão do PDT, incluindo Brizola. O vice chegou a dizer em entrevistas que era favorável a uma nova eleição, uma vez que não tinha sido ele o eleito. A pressão falou mais forte e ele foi até o final do mandato, em 31 de dezembro de 1992.

Quem o sucedeu no cargo foi Paulo Baltazar (PSB), a principal voz da oposição contra Wanildo na Câmara de Vereadores. Baltazar comandou o Palácio 17 de Julho entre 1º de janeiro de 1993 e 31 de dezembro de 1996. Fez seu sucessor Antônio Francisco Neto (PSB), mas, logo no início do mandato, os dois romperam pessoal e politicamente.

Neto foi reeleito em 2001 e governou por dois mandatos consecutivos, após a aprovação da reeleição. Em 2004, ele apoiou o ex-presidente da Câmara, Gothardo Netto, que venceu o pleito contra Baltazar e ficou no cargo entre 1º de janeiro de 2005 e 31 de dezembro de 2008.

Apesar da prerrogativa da reeleição, Gothardo abriu mão da candidatura e Neto conquistou, naquele ano, seu terceiro mandato, sendo reeleito em 2012. Neste mandato, enfrentou um pedido de cassação, que o levou a ser afastado, permitindo que América Tereza, então presidente da Câmara, exercesse o cargo de 18 a 20 de agosto de 2013, se constituindo assim na primeira mulher a governar a cidade. Neto conseguiu voltar ao cargo e completou o mandato em 31 de dezembro de 2016.

Naquele ano, a cidade elegeu Samuca Silva para o Palácio 17 de Julho. Então com 35 anos, ele foi o mais jovem político a conquistar a prefeitura da maior cidade da região.

Neste domingo (15), mais um capítulo da história política da cidade começa a ser escrito.

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