Economia
CSN usa iniciativa inovadora para descarbonização na siderurgia
UPV é pioneira no mundo na adoção da tecnologia no setor
19/12/2024 09:50:40Uma solução desenvolvida por uma empresa portuguesa, capaz de reduzir o consumo de combustíveis fósseis por meio da utilização de hidrogênio renovável, foi incorporada oficialmente neste mês nos regeneradores do alto-forno 2 da Usina Presidente Vargas (UPV), da CSN, em Volta Redonda. Conhecida como UC3 ( Ultimate Cell® Continuous Combustion), a tecnologia, com resultados em outros setores pelo mundo, como o cimenteiro, de biomassa e de combustão de resíduos sólidos, é patenteada pela empresa e passou, inicialmente, por um período de testes intensos na UPV e de consolidação de resultados, sendo a CSN a primeira siderúrgica mundial a adotar o recurso.
A iniciativa é uma parceria entre a empresa portuguesa, a divisão de siderurgia da CSN e a CSN Inova, plataforma de inovação do Grupo CSN, que se debruçaram nos estudos dos processos produtivos de algumas áreas da usina com potencial de receber a tecnologia neste primeiro momento. A aplicação do sistema UC3 nos regeneradores do alto-forno 2 visa otimizar a combustão, trazer mais estabilidade ao processo e garantir maior temperatura de sopro, já que os regeneradores têm um papel crucial na recuperação e reutilização da energia dos gases gerados na produção do ferro gusa, aumentando a eficiência térmica e reduzindo o consumo de combustíveis fósseis no alto-forno.
A redução desses combustíveis, como o coque, no alto-forno, e o gás de coqueria ou gás natural, nos regeneradores, para enriquecimento do gás de combustão, mediante o uso de hidrogênio renovável nos regeneradores, permitida pela solução da empresa europeia, segue em linha ao objetivo de diminuir os gases de efeito estufa do processo siderúrgico. A CSN destaca que atua para alcançar, em 2030, a meta que o restante do setor fixou para 2050, sendo seu caso um exemplo de como o emprego da solução UC3 pode acelerar o processo de descarbonização em um setor crítico como o siderúrgico. “A CSN conta com o apoio de parceiros e soluções estratégicas, como a UC3, para resolver desafios complexos e urgentes, como o da descarbonização. Por meio da tecnologia da UTIS, estamos conseguindo diminuir de forma acentuada o consumo de combustíveis fósseis, apresentando ganhos ambientais expressivos, além da redução de custos”, destaca Fabiam Franklin, diretor de Metalurgia da CSN.
O sistema adotado se diferencia pela fácil instalação, em forma de contêineres, onde se dá o processo de eletrólise da água que resulta no hidrogênio renovável e, segundo Fabiam, os resultados até o momento superam as expectativas. “Foi possível obter um aumento de temperatura de sopro dos regeneradores de 7%, o que vem possibilitando diversas melhorias, tais como a redução do uso de coque por tonelada de ferro gusa produzido, aumento de produtividade e impacto positivo na redução das emissões de CO2 emitido pelo alto-forno”.
Embora essa seja a primeira aplicação em uma siderúrgica no mundo, a empresa portuguesa já é parceira do Grupo CSN em cimentos, apresentando resultados importantes na fábrica de Arcos (MG) desde 2020, com a otimização da combustão por meio da injeção de quantidades controladas de hidrogênio para a fabricação de cimento.
Com a aplicação da tecnologia UC3 na CSN Cimentos em Arcos, a CSN reduziu em cerca de 5% as emissões de CO2 por tonelada de clínquer produzido. A iniciativa, ressalta a companhia, traz ainda outros ganhos, como a maior produtividade do forno, a redução do uso de combustíveis fósseis (coque de petróleo) e a redução do consumo elétrico, resultando na redução de custos, além de benefícios ambientais e estratégicos. Outro aspecto considerado importante está na segurança do uso da tecnologia, uma vez que os gases produzidos nunca são armazenados. Ou seja, há uma produção e consumo conforme a necessidade, garantindo a máxima confiança de todo este processo. “Estamos muito entusiasmados com a evolução dos resultados da nossa parceria com a CSN, agora também nos processos siderúrgicos. O objetivo é otimizar a produção de aço e, ao mesmo tempo, reduzir substancialmente as emissões de carbono, contribuindo para um futuro mais sustentável para a indústria”, disse Paulo Gonçalo, CEO da UTIS. (Foto: Divulgação)