Os dois menores – de 17 e 16 anos – e o taxista José Roberto Araújo, de 56 anos, presos ontem à noite como suspeitos do assassinato de Hugo Viana Leonardo, de 25 anos, estão envolvidos com o tráfico de drogas. A afirmação foi feita no início da tarde de hoje pelo delegado Luis Maurício Armond e pelo capitão Manassés, da Polícia Militar, durante a apresentação dos suspeitos. Um terceiro menor participou do homicídio e está foragido.

O delegado confirmou que o crime foi praticado por motivo fútil: um desentendimento recente entre Hugo e o menor de 17 anos, na casa do suspeito, onde a vítima teria desferido um tapa no rosto do adolescente.

Amigos de Hugo esclareceram hoje que o rapaz ainda não era advogado, ao contrário do que consta no Boletim de Ocorrência do crime. Ele havia parado no 9º período do curso de Direito e estava fazendo estágio num escritório de advocacia. Morador do bairro Cajueiro, o rapaz era conhecido das famílias dos adolescentes.

Elogiando a rapidez com que a Polícia Militar agiu e prendeu os suspeitos, Armond garantiu que o trio está envolvido com o tráfico. José Roberto, segundo a polícia, levou os menores em seu táxi até o local onde Hugo se encontrava e deu fuga aos dois. Inicialmente, ele era considerado testemunha, mas, explicou o delegado, sua participação foi efetiva.

- Ele já havia realizado diversas viagens com os menores, inclusive para o Rio, em localidades como o Morro do Dendê, na Ilha do Governador, e na favela do Acari, para buscar drogas e frequentar festas promovidas por traficantes. Temos vários imagens do carro dele percorrendo a Dutra – disse o delegado.

Além de os dois menores confirmarem a participação do taxista, parentes deles informaram a jornalistas que José Roberto já tinha feito várias corridas com a dupla, chegando a frequentar as casas dos adolescentes.

Embora a versão do suspeito seja a de que foi obrigado a levar os menores ao lugar onde Hugo foi assassinado, os setor de Investigação e Inteligência da 93ª DP apurou que, depois do crime, ele simulou estar fazendo outra corrida para descaracterizar sua participação no crime. “A prisão deste taxista vai desdobrar em outra investigação, sobre o tráfico de drogas, porque acreditamos que ele fosse usado por outros traficantes”, acrescentou Armond, adiantando que vai pedir a quebra do sigilo telefônico do suspeito. De acordo com o delegado, José Roberto já cumpriu pena por roubo.

Ao ser apresentado, o taxista manteve para os jornalistas a versão de que foi ameaçado pelos menores. Negou até mesmo a condenação mencionada pelo delegado. Chegou a dizer que os adolescentes, depois de atirarem no rapaz, fugiram no carro até o Conforto, onde teriam pagado os R$ 45,00 da corrida. Ele também garantiu que avisou a polícia do homicídio, o que foi desmentido por Armond.

O delegado confirmou que os adolescentes foram indiciados no fato análogo por homicídio duplamente qualificado, mesma acusação que será feita ao taxista. José Roberto vai responder também por corrupção de menores.

O capitão da PM disse que tão logo chegaram ao local do crime os agentes foram informados sobre a identidade de um dos menores e sobre o carro usado por eles. “A partir daí eles conseguiram chegar aos autores, pois um deles já era conhecido, tendo sido levado à delegacia de Barra Mansa por tráfico. O menor que atirou confessou o crime”, disse Manassés.

Hoje, a Polícia Civil pediu a ajuda da Defesa Civil para tentar encontrar a arma usada no crime. O autor dos disparos informou tê-la jogado num córrego próximo à entrada da entrada da CSN, no Conforto. No final da manhã, ele foi levado por dois agentes da Polícia Civil para indicar o lugar onde a arma foi dispensada, mas o revólver não foi localizado até a publicação desta nota.