A Deam (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher) prendeu duas garotas de programa suspeitas de tortura e de exploração sexual de menores. As presas são Gabriela Souza Martins, a “Gabi”, de 24 anos, e Jéssica de Paula Quirino, de 22. Elas são acusadas de explorar sexualmente duas adolescentes, uma de 15 anos, moradora do Vale Verde (que também foi vítima de tortura), e outra que, na ocasião, tinha 17, e é moradora de Santa Rita do Zarur, em Volta Redonda.

Gabriela foi presa nesta terça-feira na Deam, onde compareceu para prestar depoimento, enquanto Jéssica foi localizada por uma equipe da especializada de Volta Redonda em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Contra as duas, havia mandado de prisão expedido pela 40ª Vara Criminal da cidade do Rio de Janeiro.

Segundo o chefe do Setor de Investigação da Deam, Leonardo Alves, em julho do ano passado as duas adolescentes foram levadas para o bairro de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, para se prostituírem. Gabi, cuja família é de Barra Mansa, teria assediado as duas adolescentes com a promessa de lhes pagar R$ 30,00 por cada meia hora de programa. De acordo com as adolescentes, Gabi também garantiu que providenciaria documentos falsos para que elas se passassem por maiores de idade e pudessem fazer programas num termas da capital, onde a suspeita já praticava a atividade.

As duas foram instaladas numa quitinete do bairro carioca, que Gabi dividia com Jéssica. “No entanto, no mesmo fim de semana em que as adolescentes chegaram, sumiram R$ 200,00 da quitinete e Gabi acusou a menor de 15 anos do furto. Para fazê-la confessar, ela e Jéssica amarraram a jovem e a torturaram. Elas a queimaram com aquele aparelho de fazer chapinha, cortaram seus cabelos e a agrediram com socos e tapas”, disse Leonardo.

Segundo o chefe de investigação, a menor retornou para Volta Redonda três dias depois  de ter ido para o Rio e, ao ser levada à Deam pelos pais, apavorados com as marcas da agressão, inicialmente contou que tinha sido agredida por um desconhecido dentro de um bar, sem qualquer motivo. No dia seguinte, no entanto, ela voltou à delegacia, novamente acompanhada dos responsáveis, e relatou o que de fato tinha ocorrido.

Segundo Leonardo, as duas mulheres tiveram a prisão decretada no final do ano passado, mas houve muitas dificuldades de localizá-las pelas constantes mudanças de endereço. Há poucos dias, no entanto, os investigadores descobriram que Gabi estava em Barra do Piraí e conseguiram falar com ela por telefone, pedindo que comparecesse à delegacia. Outra equipe viajou para a Baixada e conseguiu encontrar a casa da mãe de Jéssica, que estava na residência, onde recebeu voz de prisão.

“A Gabi tinha um amante em Volta Redonda que seria chefe do tráfico no bairro Sessenta, e tinha outro, no Rio de Janeiro, que seria miliciano”, contou Leonardo Alves.

Pelos crimes nos quais foram indiciadas pela delegada Gisele do Espírito Santo, as duas mulheres podem pegar pelo menos 20 anos de cadeia.  Elas foram transferidas nesta quarta-feira para a delegacia de Pinheiral, de onde seguirão para uma unidade feminina da Polinter. Nas fotos abaixo, Gabi (à esquerda) e Jéssica.