Polícia
Delegado afirma que traficantes espalharam boatos em Santa Cruz
07/11/2012 15:31:14
Atualizada às 17h13min - Um clima de tensão se instalou no bairro Santa Cruz, em Volta Redonda, nesta quarta-feira, provocado por boatos de que traficantes de fora estariam planejando invadir o bairro para tomar pontos de tráfico de drogas. A boataria foi tamanha que levou as polícias Civil e Militar para o bairro, onde foram feitas várias diligências durante o dia. Os boatos davam conta de que o comércio teria recebido ordens do tráfico para fechar as portas, de que os ônibus não estavam conseguindo entrar no bairro e que um tiroteio, pela manhã, tinha deixado um morto no Morro da Caixa D’Água.
Por conta da boataria, a Escola Municipal Lund Vilela ficou sem aulas no período da tarde, assim como o Jardim de Infância Pururuca. A secretária de Educação, Tetê Gonçalves, informou que, com medo, os pais preferiram levar os filhos para casa.
O delegado Antônio Furtado disse ao FOCO REGIONAL, no entanto, que tudo não passou de boatos espalhados, segundo ele, por traficantes, incomodados com as diligências que estão sendo feitas no bairro desde que, na semana passada, três corpos foram encontrados em pontos próximos um dos outros. Na terça-feira, quatro pessoas, entre elas dois menores, foram conduzidos para a delegacia para prestar depoimento e depois foram liberados. Também teve de prestar depoimento a mulher de Peterson Francisco da Cruz, o "Nego de Santa Cruz", suspeito de tráfico que foi preso em junho deste ano, em Angra dos Reis. Nego comandava o tráfico em Santa Cruz, segundo a polícia. A mulher está sendo investigada por suspeita de envolvimento nas três mortes ocorridas recentemente no bairro. O delegado ressaltou, no entanto, que até o momento nada contra ela foi comprovado. A mulher foi liberada, assim como os demais.
Nesta quarta-feira, dois rapazes foram conduzidos à delegacia e também nenhum elemento contra eles ficou provado, embora um tenha passagem pela polícia por porte de arma. O delegado desmentiu os rumores de que uma pessoa foi assassinada de manhã, no Morro da Caixa D’Água.
- O tráfico está incomodado porque a polícia está atuando, mas o comércio está aberto e ninguém recebeu ordens de fechar. O tráfico é assim, tenta se impor pelo terrorismo, dizendo que vai morrer mais gente – declarou Furtado. A situação no bairro foi acompanhada a todo instante pelo chefe da 9ª DRPI (Divisão Regional de Polícia do Interior), delegado Ricardo Martins, em contato permanente com Furtado, por telefone.
A Polícia Militar confirmou que enviou três viaturas para o bairro para dar tranquilidade aos moradores. Segundo o delegado, agentes do Serviço Reservado do 28º Batalhão de Polícia Militar também estão ajudando nas investigações para desvendar a morte do casal encontrado numa cova rasa no alto de um morro da Fazenda Carumbé e da mulher achada dentro de um riacho, no Sítio Água Limpa, ambos próximos às terras da Fazenda Santa Cecília do Ingá.
Antônio Furtado disse que, até o momento, consta como indeterminada a causa da morte do casal e da mulher, pois não há sinais evidentes de violência, devido ao estado de decomposição dos corpos. Resultados de novos exames ainda são aguardados. “Nenhum deles, no entanto, tinha passagem pela polícia”, informou o delegado. Ele não descarta, porém, a veracidade das denúncias de que os três foram vítimas de traficantes. O casal Patrick e Elisabete, que morava em Santa Cruz, tinha deixado há pouco tempo o Vale Verde e, na opinião do delegado, isso pode ter sinalizado para o tráfico de Santa Cruz uma tentativa de ocupação por rivais.