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por: Fernando Pedrosa
Sequelas no PMDB
20/04/2017 13:42
A Câmara de Volta Redonda vota nesta quinta-feira mais um parecer do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) sobre as contas (de 2014) do ex-prefeito Antônio Francisco Neto. Independente do resultado, que provavelmente também será desfavorável a Neto, como foi nas duas anteriores (2011 e 2013), o PMDB está fervendo nos bastidores com a posição de vereadores do partido, que votaram contra ele.
Nas duas primeiras votações (2011 e 2013), a primeira com parecer contrário e, a segunda, favorável à aprovação, mas com ressalvas, votaram contra Neto os peemedebistas Tigrão, Paulinho do Raio-X e Laydson. Que desconsideraram, confirmou a coluna, até a recomendação da executiva estadual para que votassem por Neto.
Na segunda-feira, por exemplo, a bancada do partido (que inclui Fernando Martins), foi advertida pelo deputado estadual Edson Albertassi que a executiva estadual havia fechado questão no sentido de votar pela aprovação, recomendação que o próprio deputado já havia feito pelo menos um mês antes, quando o presidente da Câmara, Sidney Dinho (PEN), anunciou pela primeira vez que os pareceres do TCE-RJ seriam apreciados.
Na bronca
Os três peemedebistas ignoraram. Pelos estatutos do partido, eles estão sujeitos a advertência, suspensão e, numa medida mais extrema, expulsão da legenda. A reunião da próxima semana foi confirmada, mas em dia ainda a ser definido pelo presidente Daltro de La Puente Machado.
- O partido não se manifestou quanto à punição, mas, certamente, os vereadores terão a oportunidade de explicar por que votaram contra – disse Albertassi a POUCAS & BOAS nesta quinta-feira, explicando: “A minha orientação foi no sentido de se fazer justiça à história e trajetória do prefeito Neto”.
Mudou
Já o vice-presidente do PMDB local, ex-vereador Luiz Carlos Sarkis, admitiu estar tão decepcionado que nem deve comparecer à sessão desta quinta. A bronca maior dele é com Laydson, que é pastor, pois teria lhe assegurado que votaria conforme as recomendações do TCE-RJ. E, na sessão da terça (mesmo com parecer a favor), votou contra.
- Não é pelo Neto, é pelo PMDB. O partido vive de votos e o Neto é uma grande liderança – frisou.
Procurado, Laydson confirmou que teve a conversa com Sarkis, mas, por e-mail, disse que a avaliação mudou rapidamente. “Cinco minutos antes de iniciar a sessão, o grupo da base se reuniu e, após discutir o assunto, houve um consenso para que todos votassem de acordo com o parecer emitido pelo corpo técnico do Tribunal de Contas do Estado do Rio e com base também no Projeto de Resolução da Comissão de Finanças, Tomada de Contas e Orçamento da Câmara, onde ambos sugerem pela reprovação das contas do ex-prefeito do exercício de 2013”, informou o parlamentar.
Grato, mas nem tanto
Aliados do ex-prefeito, que já se queixou pela imprensa do que considera traição de diversos parlamentares, lembram que Paulinho do Raio X, logo após a eleição do ano passado, esteve no gabinete de Neto para agradecer o apoio por ter sido eleito.
Há testemunhas.
Mágoas
Mas não é somente com a turma do PMDB que Neto anda “um pote até aqui de mágoas”, como diz a bela canção de Chico Buarque. Os votos contrários que teve do guarda municipal Isaac (PEN), por exemplo, estão atravessados em sua garganta.
Aliás, fonte próxima ao ex-comandante da Guarda Municipal, Luiz Henrique Monteiro Barbosa, diz que sua decepção com Isaac é tamanha que teria pedido desculpas ao ex-prefeito por tê-lo lançado candidato.
Faz sentido
Fernando Martins, o único peemedebista que seguiu a orientação partidária – mas, diga-se de passagem, também por convicção – tem defendido que a legislação municipal determine um prazo para votação das contas dos prefeitos após a análise do TCE.
Contas de 2011 serem levadas a plenário seis anos depois é, de fato, um disparate.
Fernando Pedrosa é editor do FOCO REGIONAL