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por: Fernando Pedrosa
Sem espaço
10/02/2016 18:01
No lançamento da Campanha da Fraternidade deste ano, em Volta Redonda, o bispo Francisco Biasin afirmou que a Igreja não tem mais o poder público que tinha 20 anos atrás. Segundo ele, há dificuldade de dialogar com os grandes meios de comunicação quando se trata de “assuntos quentes”, como reforma agrária, reforma política e até mesmo temas como o da campanha deste ano, que trata de saneamento básico.
A declaração do bispo foi feita ao ser perguntado, pelo FOCO REGIONAL, se a Igreja não deveria fazer uma campanha mais enfática junto ao poder público para, com a força dos segmentos que representa, cobrar ações de saneamento capazes de melhorar a qualidade de vida da população. Afinal, é famosa a frase dos políticos: obra de saneamento não dá voto, porque geralmente é feita embaixo da terra.
Opção
Dom Biasin, no entanto, afirma que a Igreja prefere perder espaço na mídia do que perder sua influência na sociedade: “A Igreja fez uma opção muito clara: continuar na sua linha profética, mesmo se isso lhe custar algum ou muito espaço na mídia. Fazendo assim, a Igreja interpreta a voz da grande maioria da população, que não é ouvida no Congresso nem em grande parte do governo”.
Parado
O bispo lembra o esforço feito pela Igreja para coletar assinaturas pela reforma política. Um abaixo-assinado também foi feito em favor da saúde, que deveriam ser transformados em lei de iniciativa popular e não deram em nada até hoje. “Foram [os abaixo-assinados] para o Congresso e pura e simplesmente estão engavetados, porque os políticos, que depois deveriam tomar estas propostas de iniciativa popular não têm interesse. Querem reservar os recursos do país para outros interesses. É a mesma coisa na saúde, na habitação, no saneamento básico”, lamenta.
Só planos
Ainda no lançamento da campanha, o chefe da Igreja Católica na região criticou o fato de incontáveis planos municipais serem criados para seguir regulamentações federais, mas que não saem do papel. “O Brasil é campeão de planos municipais. Não que eles não tenham importância, o problema é que não são executados”, criticou.
Ele defende que em cidades como as que compõem a região Sul Fluminense a população se uma para que os planos – como de educação e saneamento básico – sejam postos em prática.
- Uma grande parte dos municípios brasileiros tem gerenciamento possível porque não são grandes metrópoles. Pensemos nos nossos municípios, como Volta Redonda, Barra Mansa e Barra do Piraí. É possível ter relacionamento pessoal com os gestores do poder público. É importante que a população faça pressão, de forma lícita, para que estes planos sejam executados, pois muitas vezes os planos são feitos apenas para se alinhar com uma exigência do governo federal. Os planos são feitos apenas para receber verbas [federais], não para o bem da população.
O bispo lembra que 2016 é ano de eleições municipais. Um bom momento, ressaltou, para se fazer esta cobrança.
FERNANDO PEDROSA é editor do FOCO REGIONAL.
E-mail: pedrosa@focoregional.com.br