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Meio Ambiente
por: Adaucto Lima Neves
Remediar ou lutar?
25/11/2015 09:13
Faltam cinco dias para o encontro de líderes à
Conferência das Partes na França (COP 21). Os olhos do planeta estarão voltados
também para os atentados naquela região.
O secretário do Ambiente do estado do Rio de Janeiro, André Correa, estará no evento juntamente com a presidente Dilma e sua comitiva. Os assuntos tratados terão a ver com os gases do efeito estufa (GEE) e da sustentabilidade do planeta.
Para se ter desenvolvimento de forma sustentável, é preciso três indicadores, os quais são criticados pelo sistema financeiros/econômicos. É visto o Produto Interno Bruto (PIB) como uma só solução para as análises desenvolvimentistas. O social, o econômico e o ambiental deveriam dar uma tônica em outro sistema, o holístico.
No entanto, é o econômico que ordena e "rege" a vida de todos, pela satisfação acentuada de uma minoria. O sistema bancário e alguns grandes grupos que possuem lucros exorbitantes deixam as migalhas para muitos – ou lama, por exemplo.
Aplicar o fator primeiro, o social – o antropológico, é dimensão mais urgente elencada numa saúde mais integrada que evitará no Brasil as consequências de recém nascidos microcéfalos noticiado recentemente. No campo econômico, é empenhar projetos de energias renováveis e aprimorar gastos de proteção ao meio ambiente vindos do PIB e, em terceiro, e não menos importante, o ecológico, como o controle da emissão do GEE, conservação da vegetação florestal, difusão das vantagens do paradigma cosmológico (evolucionário), divulgar a importante tarefa de reduzir, reutilizar, reciclar, respeitar e reflorestar, e abreviar a gastança do consumismo valorizando a agricultura familiar (por exemplo, como a cooperativa de hortifrutigranjeiro do ex-distrito de Mariana, enlameado pelo acidente de uma mineradora).
A vida preservada e sã deveria contar mais, pois sem ela nenhum propósito é bem realizável. Temos que confrontar sempre, sem ingenuidade o controle do capital biológico e biodiverso. Precisamos mudar alguns hábitos, tomar consciência que a natureza nos avisa que seu ritmo é mais vagaroso, mas é mais benéfico para todos, enquanto os humanos querem velocidade demais, que acabam em acidentes gravíssimos.
Precisamos de uma cultura renovada (para introduz mais um R, em benefício ao meio ambiente, que o do re-significar). Há a necessidade de princípios de novos valores, relacionamentos, educação, hábitos para com a sociedade e com a natureza. Essas mudanças clamam por mais educação ambiental nas escolas, consciência coletiva de corresponsabilidade e principalmente CUIDADO com a vida e com o meio ambiente.
Água, recursos hídricos, interesses ecológicos, enaltecimento da natureza são fundamentais e o oposto só trará desprovimento e não dignidade à vida humana: rejeitos, partículas nocivas à saúde, podridão de peixes e novos desastres. Isso tem haver com nossa região? Os efeitos estão aí para todos verem.
A grande reunião está chegando, mas não vale só olhar para o outro lado do continente latino-americano. Precisamos fazer o nosso dever de casa. Lutar por um lugar na nossa casa comum, de convívio melhor, de ar puro melhor, de mobilidade de transporte melhor e, principalmente, de saúde melhor e conservação ambiental com verdadeira responsabilidade, de cordialidade – que venha do coração de fato. Desejamos que, desta vez, os líderes cheguem a um acordo que beneficie a todos.
Adaucto Lima Neves é professor e ex-secretário de Meio Ambiente de Barra Mansa e escreve às quartas-feiras
E-mail: adauctoneves@gmail.com