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por: Fernando Pedrosa
Racha o governo de Pinheiral
30/01/2016 21:13
No ano em que vai tentar a reeleição, o prefeito petista de Pinheiral, José de Arimathéa, está vendo sua estrutura de apoio se derreter feito uma pedra de gelo no asfalto quente. Se já não bastassem as articulações que veem sendo feitas por aquele que deve ser seu principal opositor, Ednardo Barbosa, Ari enfrenta agora um racha seríssimo em seu governo: aliados liderados pelo vereador Felipe Rivello comunicaram oficialmente ao prefeito que estão fora do seu projeto de reeleição. O grupo inclui a vice-prefeita Patrícia Rivello, prima de Felipe.
Desgaste
À coluna, o vereador confirmou o racha e explicou que o desgaste do prefeito com o grupo, reconhecido como fundamental para a vitória de Ari em 2012, já vinha de algum tempo. O petista se elegeu com o apoio de pessoas ligadas ao PSDB (que acabaram migrando para o PPS), PSB e PDT. E que acusam Arimathéa de ter relegado o plano de governo, gerando insatisfação na população de Pinheiral.
- A gente tentou de tudo para resgatar o que vendeu para a rua em 2012. Mas o prefeito foi, aos poucos, se afastando de seus aliados, se isolando com pessoas que não têm credibilidade na cidade – disse a Poucas & Boas o vereador Rivello.
Na quinta-feira, numa tensa reunião, pelo que apurou a coluna, Rivello expôs em definitivo a posição do grupo ao prefeito. Segundo o vereador, este grupo está disposto a “construir um projeto diferente do que está colocado para a cidade hoje”.
- Vamos resgatar aquilo a que nos comprometemos na campanha – declarou Rivello.
Ele não poupa críticas à forma de Ari conduzir a relação política: “Acredito na política de grupo. Prefeitura não é empresa privada, onde se faz o que bem se entende. É preciso ouvir, conversar”.
Mas…
Já se fala em Pinheiral que o racha seria um sinal de que o grupo liderado pelo vereador vislumbra uma derrota retumbante do petista este ano. Rivello garante que não, porém, admite: “A rejeição do governo é absurda, inclusive por ele ser do PT. Mas estamos seguindo a voz das ruas”.
Rivello diz que a vitória de Ari na eleição de 2012 não foi fruto do peso político individual do candidato. Nem dele próprio ou de qualquer outro: “Foi o peso do grupo que ganhou a eleição. Não foi nada individual, de ninguém”.
E o futuro? O vereador nada antecipa, exceto de que vai conversar com outras forças políticas que já têm candidatura própria e ainda que pode, no mesmo grupo, surgir uma candidatura própria.
Tesoura
Na tarde da sexta-feira, Poucas & Boas foi informada de que Arimathéa estaria passando o facão nos aliados dos Rivello. O vereador não confirmou: “Sinceramente, não tenho esta informação”. Depois de reconhecer que os cargos políticos têm que ser de confiança do prefeito, ele enfatiza que seria “mais um passo errado” Ari demitir aqueles que não ocupam tais cargos e que foram para as ruas pedir votos para ele. “Mas quem tem a caneta nas mãos é o prefeito. Vou aguardar os próximos capítulos”, ressaltou.
No caso da prima, Felipe Rivello afirmou à coluna que ela também foi eleita e enxerga que seria outro erro de Ari esvaziar a vice-prefeitura, que abriga a ouvidoria do município e quase todos os conselhos municipais. O grupo de Rivello tem ainda as secretarias de Cultura e Desenvolvimento Econômico. Esta última, é bom ressaltar, está há seis meses com um interino porque, segundo o vereador, o grupo não se interessou em indicar ninguém por conta do desgaste que já vinha se acumulando.
E o outro lado?
Bem, ainda na sexta-feira, Poucas & Boas entrou em contato com a assessoria de imprensa da prefeitura de Pinheiral, pedindo para falar com o prefeito Arimathéa. A jornalista que atendeu disse que ele estava em reunião – o que era verdade: as reuniões no governo começaram pela manhã, por volta das 10 horas, e se estenderam até o início da noite.
Neste sábado, Poucas & Boas tentou falar com Ari, inclusive enviando mensagem através de uma rede social, e não obteve resposta até o momento desta publicação.
Fernando Pedrosa é editor do FOCO REGIONAL.
Email: pedrosa@focoregional.com.br