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por: Fernando Pedrosa
Prisão de Cabral asfixia Pezão
17/11/2016 16:22
As prisões de Sérgio Cabral e de dois de seus principais auxiliares no período em que ele governou o estado do Rio colocam o governador Luiz Fernando Pezão em situação extremamente delicada. Embora se deva ressaltar que, em nenhum momento, pelo menos até agora, o nome dele não tenha sido mencionado nas denúncias das supostas propinas que levaram à deflagração da Operação Calicute, o episódio deixa Pezão extremamente vulnerável, sobretudo para aprovar as medidas que considera necessárias para mitigar os efeitos da crise econômica e financeira do estado.
Para aprovar o pacote, que exige sacrifícios especialmente de servidores ativos e inativos do estado, Pezão depende não só dos votos na Assembleia Legislativa, mas também do apoio da opinião pública. E esta se encontra, neste momento, na mais absoluta certeza de que a crise tem raízes em malfeitos daqueles que administram o estado nos últimos anos, Pezão entre eles. Entre os servidores, então...
Cabral foi o mentor da candidatura de Pezão à sua sucessão. Hudson Braga foi um dos principais coordenadores de sua vitoriosa campanha. Será muito difícil, provavelmente impossível, que ele consiga dissociar seu nome e o governo do que ainda vem por aí.
Enfim, a Calicute não é um tormento só para Cabral e os que foram presos nesta quinta-feira. Politicamente, foi um tiro de canhão na estrutura do governo do estado.
Não custa repetir: Pezão não foi citado por delegados ou procuradores como suspeito de ter se beneficiado das tais propinas que seriam cobradas a título de “oxigênio”, mas o fato é que o governador, politicamente, começou a ser asfixiado.
Apresentou-se
Apontado pelo Ministério Público Federal como “testa de ferro” de Hudson Braga, o engenheiro Luiz Paulo Reis, de Volta Redonda, não estava em casa, no bairro Niterói, quando agentes da Polícia Federal chegaram para cumprir a ordem de prisão contra ele. Avisado da presença da PF em sua residência, Reis entrou em contato com seu advogado que, naquele momento, estava no Edifício Plaza acompanhando o cumprimento de outro mandado, de busca e apreensão, no escritório do suspeito.
Reis foi orientado a se apresentar na Delegacia de Polícia Federal, em Volta Redonda. Foi o que fez.
Na entrevista coletiva sobre a operação, dada pelas autoridades, no Rio, o engenheiro foi citado também como “um dos operadores” do esquema.
Bloqueio
De acordo com o Ministério Público Federal, além das prisões preventivas e temporárias, e conduções coercitivas, a Justiça aceitou o pedido de bloqueio de bens e contas dos suspeitos de integrarem o suposto esquema de propinas no Rio.
A medida inclui bens em nome de Rosângela, a esposa, e Jéssica, filha de Hudson Braga. As duas foram alvos de mandados de condução coercitiva.
Chocolate
Wagner Jordão Garcia, que também foi preso nesta quinta-feira, tinha hábito de levar chocolate para as meninas do Palácio Guanabara nos tempos em que era assessor de Sérgio Cabral. Será que alguém vai levar chocolates pra ele agora?
Então tá
O presidente nacional do PMDB, senador Romero Jucá (RR), diz que a prisão de Cabral não afeta o partido.
Para quem não sabe, Jucá é aquele senador que, numa conversa telefônica gravada por um ex-diretor da Transpetro, Sérgio Machado, defendeu a cassação de Dilma Rousseff e a ascensão de Michel Temer à Presidência da República como forma de estancar “essa p...da Lava-Jato”.
Parece que o plano não está sendo bem sucedido.
Humor
Das redes sociais, como sempre, implacáveis: “Já estava na hora do Sérgio Cabral ser preso. Já tem mais de 500 anos que essa família Cabral só faz merda, desde o Pedro Alvares”.
Fernando Pedrosa é editor do FOCO REGIONAL