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Esporte
por: Filipe Cury
Para refletir
29/01/2016 12:10
A
vontade de qualquer amante do futebol é que a Primeira Liga dê certo,
evidentemente. Afinal, não há nada mais prazeroso do que assistir jogos de
tirar o fôlego, com grandes clubes, muitos destes só se enfrentando no
Campeonato Brasileiro, meses depois do início do ano, além de grandes públicos,
incentivando a sua equipe. Finalmente, um campeonato de dar gosto.
No entanto, o maior ponto negativo disso tudo será a desvalorização das equipes do interior, deixadas de lado pelos gigantes há anos, já que os times da elite irão disputar outro torneio em paralelo ao Carioca. A questão é: faz bem ao futebol de qualquer estado enfraquecer ainda mais os times menores, levando-os aos riscos da extinção? Por que não fortalece-los?
Um exemplo vem justamente do Rio: apenas São Cristóvão, América, Bangu e o extinto Paysandu, entre os pequenos, foram campões estaduais. Nas últimas décadas, apenas em 2005 o Voltaço foi vice e, no ano seguinte, o Madureira também bateu na trave.
Em 2008 os grandes passaram jogar todas as partidas, mesmo quando não tinham o mando de campo, no Maracanã. Já não bastava receber mais dinheiro para a disputa da competição, ainda deixaram de viajar alguns míseros quilômetros. Assim fica fácil demais.
E desse jeito prossegue até hoje. Aos pequenos não é dada a menor chance de crescer. A culpa é da Ferj? Sim, é. Mas também é dos clubes grandes, que pensam apenas neles mesmos e não entendem que o fortalecimento do futebol passa pelo crescimento dos pequenos também.
E isso não ocorre só no Rio. Em termos nacionais, assiste-se o enfraquecimento de clubes tradicionais. O Santa Cruz, do Recife, colocava 60 mil pessoas no estádio disputando, em 2010, o Campeonato Brasileiro da Série D. E aí entra a questão. Vamos descartar o Tricolor do Arruda por estar na quarta divisão (na época)? Um clube que movimenta tantas e tantas pessoas? E o Vasco, que caiu novamente para a Série B? Se for para a Série C, será largado na pior, mesmo sabendo que tem a segunda maior torcida do Rio?
Os grandes clubes acham que o problema dos estaduais é que eles deixaram de ser atraentes. Pois aí está mais um exemplo: na última quarta-feira, o Fluminense atraiu pouco mais de seis mil pessoas ao Raulino de Oliveira, pela Copa Rio-Sul-Minas, contra o Atlético-PR. E olhe que o ingresso era um quilo de alimento não perecível!
Será que o problema dos grandes não está, entre outros, na falta de craques, de ídolos, que motivam o torcedor a sair de casa para ver futebol?
Portanto, deve-se ser a favor de qualquer iniciativa em prol dos grandes, desde que os times menores não sejam atirados ao lixo.
Filipe Cury é estudante de jornalismo e faz estágio no FOCO REGIONAL. Sua coluna é publicada sempre às terças e sextas-feiras
E-mail: filipecury93@gmail.com