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Meio Ambiente
por: Adaucto Lima Neves
Conservação participativa
11/11/2015 08:33
Em virtude da redução da capacidade de ação do Estado brasileiro em relação às questões ambientais e sociais, as Organizações
Não Governamentais (ONGs) ganharam amplitude. Relacionar o papel das ONGs com a
tarefa do Estado é fundamental, pois é este último que chancela as atividades
ambientais e sociais.
A gestão participativa visa a contemplar o conjunto da sociedade inserida nas decisões, por exemplo, a implantação de manejo florestal em Unidades de Conservação. Mas, às vezes, a legislação Federal do Meio Ambiente é ferida por decisões tomadas pelo poder público municipal e interesses corporativos .
A implantação de Unidades de Conservação precisa de boa capacidade técnica e institucional para ser gerida, de forma a proteger e preservar a biodiversidade, as nascentes e, principalmente as chamadas Zona de Amortecimento em torno de áreas protegidas.
A Subcomissão Ambiental Sul (BM-RC-B) vem atuar no princípio da participação desses, e das possíveis melhoras que os rios afluentes farão às águas do Paraíba do Sul em benefício também da população do Rio de Janeiro de São Sebastião. Barra Mansa, Rio Claro e Bananal estão nessa empreitada. Desse enamoramento há necessidade de colaboração mútua, e, juntos, contribuirão para a conscientização da manutenção das águas perenes do Rio Paraíba do Sul.
Queremos ver os rios novamente caudalosos e límpidos e suas nascentes recuperadas. Ver outras entidades, a exemplo do Rotary Clube, compartilhar o compromisso da preservação da Nossa Casa Comum. Presenciar os ribeiros promovendo jornada de barco e caiaques desde a parte mais alta até a foz, ao encontro com o Rio Paraíba do Sul.
Realizar projetos entre os municípios de BM, RC e Bananal, como, por exemplo, com micro estações de tratamento de esgoto, como fez Rio Claro. Apressar empresas como Inb, Saint Gobain, Votorantim, MRS, CCR a firmar parcerias na construção de um meio ambiente melhor.
Como disse o saudoso ambientalista Alan Carlos Rocha, em seu livro, “Três caminhos-
- crônicas-poesias-história”, de 2009:
- Se as serras são belas e especiais... Formam a nota perfeita, para um ambiente perfeito e, felizmente, ainda preservado. ...Muito já se perdeu em se tratando de meio ambiente. O que sobrou, o que resistiu aos fornos das indústrias e ao plantio do café, é significativo. Agora é tratar de manter o que existe...
Também o Rio Bananal, é muito importante. No mesmo livro, ele conta a história: "Empreenderam uma pescaria na foz do Rio Bananal...pescaram cerca de 120 quilos de peixes, entre eles: lambaris, acarás traíras, surubis, cascudos e anduriás".
Destaco a importância da Mata da Cicuta para a região, com 80% de seu território em Barra Mansa; a APA da Mata do Cafundó e APA do Rio Bonito, além das ilhas entre a região de Quatis e Volta Redonda. Existem espécies endêmicas.
Precisamos resgatar a fauna, evitando que o rio caminhe lentamente em direção à morte, devido a poluição a que está sujeito. O relatório Brundland (1972) Nossa Casa Comum- convida-nos a renovar as atitudes e práticas ambientais. Absurdamente, vimos o que aconteceu em Minas. A poluição dos rejeitos está causando prejuízos e degradação.
É preciso evitar consequências de alto risco à população.
A mensagem do diplomata brasileiro, que falou aos estrangeiros em 1972, "podem mandar sua poluição para o Brasil porque precisamos de emprego", já não é mais admissível. Mas não vemos nenhum grande clamor público contra as agressões sofridas por aqueles que se beneficiam depredando o meio ambiente.
Indústria é importante, emprego fundamental, mas a vida com saúde é que todos almejam e precisam.
O grupo BM-RC-Bananal, com o apoio da Comissão Ambiental Sul, quer levar informação e participação socioambiental e conscientizar que nossos rios estão cada vez mais sujeitos a poluições quase que imperceptíveis a curto prazo, mas que a longo prazo, mostram os efeitos nefasto que todos presenciaram em Minas. Lembremos que há uma barragem enorme às nossas cabeças. O Paraíba atravessa muitos povoados e com grande demanda de água potável. Há um risco em questão, destarte, a destruição dos recursos hídricos ou seu excesso sem controle, compromete o bem estar social.
Adaucto Lima Neves é professor e ex-secretário de Meio Ambiente de Barra Mansa e escreve às quartas-feiras
E-mail: adauctoneves@gmail.com